Quando as baleias nadavam no Saara - Parte IV
Dinossauros

Quando as baleias nadavam no Saara - Parte IV



"As diferenças anatômicas entre as baleias e os mamíferos terrestres são de tal magnitude que inúmeras formas intermediarias devem ter remado e nadado pelos mares antigos antes que surgisse uma baleia tal como a conhecemos", escreveram os autores do livro Of Pandas and People, um popular manual criacionista publicado em 1989. "E até agora essas formas transicionais ainda não foram achadas." Inadvertivelmente, Philip Gingerich havia aceito tal desafio na década de 1970. Após concluir o doutorado em Yole, ele começou a realizar escavações na bacia do rio Clarks Fork, em Wyoming, documentando a meteórica ascensão dos mamíferos no início do Eoceno, após a extinção dos dinossauros, há 10 milhões de anos. Em 1975, com o objetivo de reconstruir as migrações dos mamíferos desde a Ásia até a América do Norte, Gingerich começou a pesquisar formações do Eoceno médio em duas províncias do Paquistão, o Punjab e a fronteira Noroeste. Ele ficou decepcionado ao descobrir que os sedimentos de 50 milhões de anos que havia selecionado não eram de terra seca, mas de leito marinho da borda oriental do oceano Tétis. 
 
Philip Gingerich ao lado de maxilar de baleia no Uádi Hitan
© Richard Barner

Quando sua equipe exumou alguns ossos pélvicos em 1977, de brincadeira os atribuíram às "baleias que andavam" - uma ideia então ridícula. Na época, os fósseis de baleia mais bem conhecidos era tidos como similares aos espécimes modernos, com requintado mecanismo de audição submarina, cauda poderosa e lobada s sem membros posteriores externos. Foi então que, em 1979, um dos membros da equipe de Gingerich  no Paquistão achou um crânio de tamanho similar ao de um lobo, mas com proeminentes - e nada lupinas - estruturas ósseas, semelhantes a velas, no alto e nas laterais do crânio, que serviam para fixar músculos vigorosos dos maxilares e do pescoço.  Ainda mais curioso, o volume da caixa craniana era pouco maior que uma noz. Quando, naquele mesmo mês, Gingerich topou com espécimes arcaicos de baleias em museus, "aquela minúscula caixa craniana começou a fazer sentido, pois as baleias primitivas têm crânio grande e cérebros relativamente pequeno", recorda-se. "Começei a desconfiar que aquela criatura de cérebro tão pequeno poderia ser uma baleia muito primitiva." (...)

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