Dinossauros
Nova espécie de dinossauro descoberta no Brasil
A descoberta ocorreu após cinco anos de análises em fósseis de nove dentes pertencentes a uma espécie desconhecida de dinossauro, que foram retirados de uma pedra da Laje do Coringa. O material foi recolhido durante uma recolha de fósseis feita por estudantes do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
O resultado da pesquisa mostra que existia uma diversidade bem maior de espécies de dinossauros que habitaram a terra. «Após um estudo minucioso, envolvendo a cooperação de cientistas brasileiros e norte-americanos, chegou-se à conclusão de que se tratava de um novo grupo de dinossauros terópodes (bípedes carnívoros) documentado no Brasil», disse o paleontólogo Rafael Lindoso, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo Lindoso, a Ilha do Cajual possui um dos mais importantes sítios fossílíferos (não arqueológico) e «reúne a maior concentração de ossos de dinossauros por metro quadrado que qualquer outro em território nacional».
Após as análises, os pesquisadores também descobriram que o animal pertence ao grupo dos noassaurídeos, mas a espécie não recebeu nome devido à quantidade insuficiente de material fóssil. Os fósseis do dinossauro brasileiro estão guardados na colecção paleontológica da UFMA.
«Serão necessários novos achados em melhor estado de preservação para que possamos baptizar a nova espécie. Entretanto, as informações reunidas até ao momento permitem-nos afirmar que se trata de um novo grupo de dinossauros identificado no Brasil, conhecido como Noassaurídeos, e um dos mais antigos do mundo», explicou o pesquisador.
A pesquisa mostrou que o animal era de uma espécie rara e tinha uma dentição incomum entre os dinossauros carnívoros com «bordas serrilhadas que percorriam a face lateral dos dentes, e não a região anterior e posterior, como vulgarmente se observa na grande maioria dos dinossauros carnívoros». A provável dieta do noassaurídeo brasileiro era à base de peixes.
Segundo o paleotólogo, devido à fragilidade do esqueleto do noassaurídeos, foram raras as descobertas de fósseis do grupo. Entretanto, foram registados achados na Europa, África, América do Sul, Índia e Madagáscar.
A idade do fóssil do dinossauro brasileiro foi determinada pela idade da pedra em que os dentes do animal foram encontrados, que é de 95 milhões de anos. O fóssil é um dos mais antigos e maiores do grupo de noassaurídeos já encontrado na América do Sul.
«As rochas que afloram no litoral maranhense foram datadas a partir da década de 1960, através de estudos e levantamentos realizados pela Petrobras. Desse modo, todos os fósseis encontrados nessas rochas possuem a mesma idade desta», afirmou o pesquisador.
Para o cientista, a descoberta da nova espécie «representa um avanço no conhecimento dos dinossauros do Brasil e do mundo».
«Permite estabelecer novas teorias acerca dos movimentos e distribuição dos continentes no passado e, consequentemente, do clima. Adicionalmente, a evolução desses incríveis animais passa a ser entendida sob uma nova óptica, incluindo espécies que habitavam o Nordeste brasileiro», ressaltou Lindoso.
De acordo com o paleontólogo, os dentes do dinossauro encontrado no Maranhão são de pequeno porte – apesar de ser considerado um dos maiores dos Noassaurídeos. «A espécie foi identificada analisando-se outros fósseis de dinossauros carnívoros no mundo, procurando semelhanças e diferenças em dentes de várias espécies que permitissem classificar o novo achado. Após esse estudo, constatou-se uma notável semelhança da espécie brasileira com uma de Madagáscar, conhecida como Masiakasaurus knopfleri.»
O resultado foi reforçado com o estudo comparativo de idade dos espécimes e a distribuição geográfica. «O novo achado deveria encaixar-se num cenário, actualmente aceite pelos paleontólogos, de que esses animais viveram em massas continentais reunidas no hemisfério sul (Gondwana) e durante o período Cretáceo, entre há 145 e 65 milhões de anos. Chegamos à conclusão de que a descoberta brasileira encaixa perfeitamente nesse cenário», afirmou Lindoso. O Gondwana correspondente ao que é hoje a África, América do Sul, Antárctica, Austrália e Indo-Madagáscar.
Segundo o pesquisador, o ambiente Cretáceo nas terras de Gondwana tinha por característica um estuário, com a presença de «rios enormes desaguando no mar, vegetação luxuriante em meio a um clima árido. Foi a época de surgimento do Atlântico Sul, quando apareceram os primeiros golfões e as elevações do nível do mar assolavam o litoral». O cenário era de transformação e a ocorrência de terramotos e chuvas eram constantes que criavam novos habitats de espécies animais e vegetais.
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