Pegadas em MS podem ser de dinossauros, dizem pesquisadores
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Pegadas em MS podem ser de dinossauros, dizem pesquisadores


Pegadas fossilizadas em rochas estão às margens do rio Nioaque, em MS

Equipe técnica visitou sítio paleontológico em Nioaque no dia 12 de julho. Estudiosos estimam que vestígios foram deixados há 140 milhões de anos.

Pegadas que podem ter sido deixadas por dinossauros há cerca de 140 milhões de anos estão despertando o interesse de estudiosos, que visitaram no dia 12 de julho um sítio paleontológico em Nioaque, cidade a 170 quilômetros de Campo Grande.

Os vestígios pré-históricos também chamam a atenção do poder público para a necessidade de preservação da área, que integra o roteiro de um geoparque em fase de implantação.

O professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Sandro Marcelo Scheffler, contou como ocorrem os rastros fossilizados nas rochas.

"São dezenas de pegadas na margem do rio, mas poucas estão bem preservadas. A maioria constitui-se de undertracks, ou seja, a camada de terra compactada que se formou debaixo da pegada já erodida pelo tempo", relata.

Scheffler esteve no local quatro anos atrás com o colega pesquisador Rafael Costa da Silva em busca de informações, e ambos observaram à época que a maioria dos vestígios sofreu desgaste pela ação da água do rio.

Na semana passada, a visita foi coordenada por técnicos da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), que fizeram levantamentos para iniciar o processo de cessão do terreno ao município de Nioaque.

A prefeitura tem interesse em explorar o turismo na área, segundo o superintendente regional Mário Sérgio Sobral Costa.
Técnicos do Patrimônio da União fazem levantamento no local
"A lei diz que todo rio é federal quando, entre outros critérios, encontra-se na faixa de fronteira. É o caso do rio Nioaque. Portanto, o terreno de até 15 metros a partir da margem pertence à União. Estamos fazendo medições para reservar o sítio com as pegadas e cedê-lo com finalidades específicas de exploração turística e científica", explica o gestor.

O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) também está ajudando nas investigações geológicas, como relata o superintendente regional Antonio Claudio Leonardo Barsotti.

"O primeiro passo é o agendamento da vinda de três paleontólogos do Museu de Ciências da Terra para visita ao sítio. Além de mim, outros dois geólogos também acompanham o processo", afirma.


Bípedes de postura ereta


Pesquisas preliminares apontaram que as pegadas teriam sido deixadas no período Cretáceo por dinossauros bípedes de postura ereta, como os ornitópodes.

Scheffler e Silva, no entanto, acrescentaram a possibilidade de que sejam rastros de terópodes, cujo exemplar popularmente conhecido é o tiranossauro.

O local foi descrito pela primeira vez no final da década de 1980 pelo professor Gilson Martins, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Em outubro de 2010, Martins e outros três pesquisadores publicaram em revista científica um artigo listando os fósseis e afloramentos conhecidos no estado, entre esses o sítio paleontológico que fica a 2,7 quilômetros a jusante da ponte sobre o rio Nioaque.

O professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Boggiani, alerta para a necessidade de estudos mais aprofundados antes de se afirmar que as evidências remontam de fato à era dos dinossauros.

"São vestígios interessantes, mas é preciso que sejam estudados e comprovados", aponta. O estudioso reconhece, porém, o valor social da descoberta.

"Além de ajudar a contar a história do planeta, abre possibilidades para o turismo científico, por exemplo. Poderá desenvolver a economia local e até ajudar na popularização da ciência, de maneira geral", observa.


Geopark em MS: segundo das Américas


Embora a existência das pegadas seja conhecida na região há mais de duas décadas, apenas nos últimos três anos o poder público demonstrou interesse em preservar o local e destiná-lo à pesquisa e ao turismo.

O sítio foi incluído no Geopark Bodoquena/Pantanal, criado em 2009 pelo governo estadual e que busca o aval da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Vestígios chamam a atenção de turistas e estudiosos
O projeto abrange 13 municípios e conta com destinos como Buraco das Araras, em Jardim; Grutas do Lago Azul e de São Miguel, em Bonito; e o fóssil da Corumbela, em Corumbá.

Mato Grosso do Sul rivaliza com Minas Gerais e Rio de Janeiro em busca do título de segundo geoparque das Américas.

Os três estados querem a homologação de seus geoparques pela Unesco. No Brasil já existe o Geopark Araripe, criado em 2006 no Ceará.



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