Dinossauros
Seria possível transformar Jurassic Park em realidade?
Quando o primeiro dos filmes de Jurassic Park foi lançado, em 1993, houve um sucesso absoluto. A ideia de clonar dinossauros, e fazê-los conviver em nosso tempo, esteve no imaginário de milhões de espectadores. Mas a primeira coisa que você deve ter ouvido falar sobre a obra de Steven Spielberg (baseada no livro de Michael Crichton), é que se tratava definitivamente de ficção. Que não era realmente possível clonar um dinossauro. Mas será que isso se tornará viável algum dia?
A resposta atual dos cientistas é: em parte. Recriar dinossauros, exatamente como eram, continua sendo impossível. Isso porque o processo descrito por Crichton na ficção envolve usos de um DNA que não existe mais em sua forma original. O que se fez, no livro e no filme, foi achar um mosquito da época dos dinossauros, conservado em resina, extrair sangue de dinossauro da barriga do inseto, inseri-lo em um embrião de crocodilo, e zás! Um dinossauro nascia.
O problema é com o material genético. O DNA, infelizmente, não está imune à ação do tempo. A cadeia de cromossomos de um dinossauro, segundo os cálculos, duraria intacta por cerca de 500 mil anos, não muito mais do que isso. E já se vão 65 milhões de anos desde que os últimos dinossauros habitaram a Terra. Ou seja, não sobrou nenhum DNA de dinossauro para contar a história.
Jack Horner, paleontólogo americano que trabalhou no enredo dos filmes de Jurassic Park, fala sobre o problema. Ele cita que já se encontrou, em 2005, um tecido mole (responsável pela elasticidade das escamas) de Tiranossauro Rex, mas não havia material genético a ser coletado, apenas outras biomoléculas.
Mesmo que fosse possível encontrar DNA intacto de dinossauro, no entanto, a chance de reviver os répteis seria mínima. Isso porque seriam encontrados apenas fragmentos de DNA, possivelmente fora de sequência dentro da cadeia de cromossomos. E não há nenhum indício de como seria “remontar” o DNA de um dinossauro.
Tomando isso como impossível, vamos à opção viável. Você já deve ter ouvido falar que alguns animais, como a galinha, têm descendentes diretos da época dos dinossauros. A ideia, portanto, seria trabalhar com o DNA da galinha, que já está totalmente codificado. A partir dele, segundo os especialistas, seria possível criar galinhas com dentes, cauda, escamas, membros superiores, enfim, uma espécie de “dino-galinha”. O primeiro indício de tal pesquisa veio em 2005. Dois pesquisadores americanos, da Universidade do Wisconsin, observaram vestígios de dente de crocodilo em uma galinha geneticamente modificada. Tais galinhas possuíam um gene, recessivo, que matava os fetos antes deles nascerem, por isso não vemos galinhas com dentes por aí. No caso das galinhas mutantes, no entanto, esse gene foi substituído em algum ponto da história evolutiva de 70 milhões de anos dessa ave.
Esse novo gene seria o responsável por dentes de crocodilo. E os dois cientistas de Wisconsin criaram um vírus que simula essa situação. Quando o vírus foi inserido em um embrião de galinha, cresceram dentes. Usando esse método, portanto, galinhas com dentes de crocodilo poderiam se reproduzir.
Outra experiência, da Universidade McGill (Montreal, Canadá), tomou outro caminho. Sabendo que um embrião de galinha conserva, durante certo tempo, uma cauda (que depois desaparece) eles conseguiram evitar que a cauda sumisse usando hormônios de crescimento. Com esse mesmo método, as asas da galinha poderiam se converter em membros superiores de réptil.
A criação efetiva de um “dino-galinha”, no entanto, ainda deve levar alguns anos. A razão para isso, segundo os cientistas, é simples: em um mundo no qual ainda não se conhece a cura para o cancro, pesquisas para recriar dinossauros ainda não conseguem muito suporte financeiro para se desenvolver. Por enquanto, ficamos apenas com a ficção de Spielberg nas telas.
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